Pesquisadores do hospital Orange Regional Medical Center, nos Estados Unidos, publicaram um artigo em meados de maio que apontou benefícios do uso do tocilizumab para a redução da mortalidade entre pacientes com Covid-19 que haviam desenvolvido a síndrome respiratória aguda grave (SRAG). O artigo, porém, não foi revisado por outros cientistas ainda.
A infecção pelo novo coronavírus gera uma resposta exagerada do sistema imunológico, que libera substâncias inflamatórias em excesso para combater o invasor, e acaba agravando a situação do paciente, danificando ainda mais os órgãos.
Os glóbulos brancos, também chamados de leucócitos, são os responsáveis pela defesa do corpo contra infecções. Essas células liberam as interleucinas, proteínas que servem para modular a resposta imunológica.
“As interleucinas carregam a informação de um lado a outro e coordenam esse exército de defesa, elas têm um papel importante quando o sistema imunológico funciona mais do que deveria”, explica Alvarenga.
“O remédio bloqueia essa comunicação e paralisa a resposta imunológica exacerbada”, completa o médico.
O estudo conduzido pelas empresas vai avaliar se o uso dos dois medicamentos em conjunto potencializa a recuperação ao mesmo tempo que proporciona segurança para o paciente.
“Os dois medicamentos têm mecanismos de ação diferentes -antiviral e antiinflamatória. A ideia do estudo é ter ação em pontos diferentes e verificar se um remédio pode potencializar os benefícios ou os efeitos colaterais do outro”, afirma Alexandre Soeiro, cardiologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Segundo o médico, que faz parte de um projeto que testa vários medicamentos contra a Covid-19, a união das farmacêuticas para a realização de pesquisas é incomum. “Normalmente, as empresas fazem os estudos de maneira independente. Isso acontece agora devido à situação imposta pela pandemia”, diz.
A Roche também anunciou um estudo global para avaliar a eficácia e a segurança do uso do tocilizumab, sem o remdesivir, contra a Covid-19. O experimento será feito com 450 pacientes escolhidos aleatoriamente da Europa e dos Estados Unidos. A pesquisa conta com dois grupos, um recebe o antiinflamatório e outro, um placebo. Nos dois casos, os pacientes contam com um tratamento padrão para a doença.
O recrutamento de pacientes para esse estudo, realizado em parceria com a Autoridade Biomédica de Pesquisa e Desenvolvimento Avançado (Barda), dos Estados Unidos, deve terminar na próxima semana. O encerramento do experimento está previsto para agosto deste ano, mas, segundo Alvarenga, ele pode ser finalizado antes desse prazo.
No Brasil, o tocilizumab é aprovado pela legislação para o tratamento da artrite reumatoide, uma doença autoimune -fruto de um comportamento anormal do sistema imunológico.
As informações são da FolhaPress