“Primeiro ela procurou o Pronto-socorro de Pirapozinho, mas foi encaminhada para o HR. Também chegou e já foi entubada. Eles chegaram a fazer o teste rápido, mas deu negativo. No HR, eles fizeram o outro [swab] e o resultado veio positivo para o coronavírus”, explicou Gomes.
A filha mais nova do casal, Regina Aparecida Gomes, de 45 anos, relatou que os pais saíam apenas quando necessário para ir a banco, mercado ou farmácia, e a mãe tinha medo de ser contaminada pela Covid-19.
“Eles não estavam saindo muito e sempre tomando cuidado, usando máscara, álcool em gel e água sanitária para limpeza. Minha mãe tinha muito medo de pegar a doença”, falou.
O casal morava sozinho em uma residência e a filha, que também vive em Pirapozinho, sempre visitava os dois. Ela e o irmão afirmam que os pais eram muito unidos e faziam tudo juntos.
“Faziam orações juntos, tomavam café juntos e, quando precisavam sair, também eram juntos. Sempre os dois”, relatou a filha.
“Eles nunca faziam nada separados. Nunca ficaram longe um do outro. Essa união foi passada para toda a família”, disse o filho.
No último sábado (27), a família foi avisada pelo hospital de que Maria de Lourdes havia morrido. No mesmo dia, no final da noite, veio a notícia de que Alcides havia morrido também.
“A união deles foi até na hora da morte”, contou Regina.
Ela afirmou que o pai não ficou sabendo que a esposa tinha falecido, já que ele estava entubado e inconsciente.
“Mas acho que ele sentiu, porque o médico falou que ele se mexeu quando ela morreu. Era uma ligação muito forte entre eles”, destacou.
Regina também contou que a família torcia pela melhora dos dois e pela alta hospitalar.
“Ficamos surpresos com a partida deles no mesmo dia, mesmo com a união dos dois. Claro que a gente esperava que fossem receber alta. Apesar de que, se tivesse ido apenas um, o outro iria sofrer muito. Também não ficaria muito tempo sozinho”, enfatizou.
Os filhos ainda comentaram sobre o momento difícil da perda e os protocolos de saúde que não permitem velório.
“Não tem velório. Colocam o corpo dentro de um saco e depois no caixão”, disse Regina.
“Não pudemos fazer um velório digno para nos despedir. Não deu nem para colocar uma roupa de que eles gostavam. É muito triste”, salientou Gomes.