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Acidente com Helicóptero Águia que causou a morte de policial militar foi o 1º do tipo no Brasil em 10 anos

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Continua sob investigações o acidente que deixou como vítima fatal o cabo da Polícia Militar Alexandre Luís Batista, de 43 anos. O policial caiu do Helicóptero Águia durante um treinamento em um aeródromo particular, em Álvares Machado (SP), em 16 de julho. A ocorrência foi a segunda no Brasil com lançamento de pessoas e a primeira envolvendo um helicóptero, em 10 anos, conforme levantamento junto à Força Aérea Brasileira (FAB).

Já na história do Comando de Aviação da Polícia Militar (CAvPM) do Estado de São Paulo, este foi o segundo acidente fatal registrado, com a terceira morte.

Conforme informou o coronel Paulo Luiz Scachetti Junior, comandante de Aviação da Polícia Militar, estão abertos dois procedimentos de investigação sobre o caso: um por meio da PM, que é o Inquérito Policial Militar (IPM), procedimento conduzido pelo Comando de Aviação da PM do Estado de São Paulo.

A outra apuração ocorre por meio da Força Aérea Brasileira (FAB) e “busca identificar os fatores contribuintes do acidente, visando prevenir a ocorrência de fatos similares na aviação, em especial no que envolve a Aviação de Segurança Pública”.

Este segundo procedimento está sob responsabilidade do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes (Seripa IV), órgão ligado ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa) da FAB.

“Nas investigações estão sendo levantadas as hipóteses possíveis e prováveis do acidente, que envolve desde falha material, quanto operacional, mas que necessitam de comprovações e evidências”, explicou Scachetti Junior.

Durante os procedimentos, todos os envolvidos são ouvidos e também são realizados exames técnicos sobre os materiais e equipamentos utilizados, ações que visam esclarecer a situação e as razões principais de seu desencadeamento.“Nesse sentido ainda é cedo para afirmarmos que o acidente se transcorreu de determinada maneira, ao que estamos buscando mais informações que possam elucidá-lo”, finalizou o coronel da PM.

De acordo com informações levantadas pelo G1 junto à Força Aérea Brasileira, a investigação segue em andamento. O histórico do Reporte Inicial disponibilizado, ainda em fase preliminar, relata que a aeronave decolou de um aeródromo, em Álvares Machado, para um voo local de treinamento de manobra para desembarque de tropa.

No interior do helicóptero havia três tripulantes e quatro passageiros, que passariam pelo treinamento de desembarque.
“Após cerca de 5 minutos de voo, quando em aproximação final para o desembarque a baixa altura, aproximadamente a 10 metros de altura, um dos militares em treinamento caiu da aeronave”, relata o documento.

O militar que caiu da aeronave sofreu lesões fatais. O veículo e os demais ocupantes saíram ilesos.

A aeronave está liberada no tocante da investigação.

O documento de Reporte Inicial da ocorrência não contém as análises das informações coletadas, nem os fatores contribuintes. Desta forma, podem ocorrer modificações conforme o andamento dos trabalhos de investigação.

“Portanto, nenhuma conclusão deve ser feita a partir destes dados preliminares”, ressalta o documento.

Em números

O caso que resultou na morte do cabo da Polícia Militar Alexandre Luís Batista foi enquadrado como “acidente” e o tipo de ocorrência foi classificado pela FAB como “com lançamento de pessoas”.

Foi também o único acidente fatal com helicóptero em 2020, conforme dados levantados pelo G1 no Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer).

Neste ano, foram 22 acidentes fatais com aeronaves:

  • 16 com avião
  • 1 com helicóptero
  • 3 com ultraleve
  • 2 não informados o tipo

Já quando se fala em “acidentes” de modo geral com helicóptero, há 11 registros em 2020:

  • 4 no Estado de São Paulo
  • 3 no Estado do Paraná
  • 1 no Distrito Federal
  • 1 no Estado do Rio de Janeiro
  • 1 no Estado do Espírito Santo
  • 1 no Estado do Acre

    Em 2020, foram 11 acidentes com helicópteros — Foto: Força Aérea Brasileira/Reprodução

    Conforme levantamento do G1, no Estado de São Paulo, em um panorama de 10 anos, que é o período em que a FAB disponibiliza dados, foram registrados pela Força Aérea apenas dois acidentes fatais deste tipo (com lançamento de pessoas), sendo 1 envolvendo helicóptero (em julho, que vitimou o policial militar) e em julho de 2012, que envolveu avião com paraquedistas, em Boituva (SP) (veja a tabela abaixo).

    Além dos dois acidentes fatais, houve um incidente com vítima leve em Anápolis (GO), em maio de 2016. A ocorrência também foi com avião de paraquedistas. Um deles, ao sair da aeronave, escorregou e bateu a parte interna do braço no trem de pouso. A vítima sofreu leves escoriações no braço e não houve danos a aeronave.

    O modelo do Helicóptero Águia envolvido no acidente que vitimou o cabo Batista é o “AS50”. Segundo dados disponibilizados pela FAB, em 10 anos, houve 46 registros de acidentes com este modelo de aeronave (veja a tabela abaixo).

    Em 10 anos, apenas duas ocorrências do tipo "com lançamento de pessoas" foram registradas — Foto: Força Aérea Brasileira/Reprodução

    Entre este índice, a maior parte foi registrada como perda de controle em voo (11) e colisão com obstáculo durante a decolagem e pouso (9).

    Com helicópteros deste modelo (AS50), houve registro de acidentes fatais em 2010 (2), 2011 (2), 2014 (2), 2016 (2), 2017 (2), 2019 (2) e um em 2020.

    Quando se fala, de modo geral, em acidentes com helicópteros, o Estado de São Paulo lidera o ranking com 60 ocorrências (veja a tabela abaixo). Na sequência vêm as regiões do Rio de Janeiro (36), Paraná (19), Goiânia (17) e Minas Gerais (13).

    Modelo "AS50" se envolveu em 46 acidentes — Foto: Força Aérea Brasileira/Reprodução

    Operação policial

    Ainda segundo os dados do Sipaer, a ocorrência que vitimou fatalmente o cabo Batista, da Polícia Militar, primeira na corporação em 10 anos, foi colocada nas categorias de “administração direta”, o tipo de operação como “policial” e o tipo da aeronave “helicóptero”.

    Entre 2010 e 2020, constam 23 ocorrências aeronáuticas nestas categorias, sendo apenas três classificadas como “acidente”. Um foi o de Álvares Machado, um com vítima leve e o terceiro com tripulantes ilesos:

    1. Ainda com a investigação ativa, em março de 2020, a aeronave decolou do Aeródromo Campo de Marte, em São Paulo, com destino a uma área de pouso eventual localizada no Hospital Geral de Pirajussara, a fim de realizar voo de transporte de órgãos vitais, com quatro tripulantes a bordo. Durante a descida vertical, ocorreu o toque do rotor principal contra um poste de iluminação, provocando a perda de massa de uma das pás e conseguinte vibração excessiva. A tripulação completou o pouso no mesmo local e cortou o motor. A aeronave teve danos substanciais. Os quatro tripulantes saíram ilesos e duas pessoas que transitavam próximo ao local sofreram lesões leves.
    2. Em julho de 2013, durante a realização de um voo de instrução de readaptação de piloto, com dois tripulantes a bordo, no setor ‘E’ da Represa Guarapiranga, em São Paulo, na arremetida, após o quarto treinamento de autorrotação simulada, não houve resposta ao comando de potência, no manete do coletivo. O instrutor efetuou o “flare” com atitude acentuada de arfagem. O helicóptero colidiu o cone de cauda contra a superfície da água, ocasionando danos substanciais no cone de cauda e nas pás de ambos os rotores. Os pilotos saíram ilesos.

    Historicamente, com relação aos acidentes com fatalidades do Comando Aviação da PM de São Paulo, há apenas um acidente anterior ao de Álvares Machado deste ano, segundo contou o coronel Paulo Luiz Scachetti Junior. O fato ocorreu em 1998, na cidade de Indaiatuba (SP).

    “Em uma demonstração de uma manobra, chamada de Macguire, em que realizamos a retirada e o deslocamento de tripulantes e vítimas içados por cordas ancoradas no gancho do helicóptero, uma linha de pipa com cerol cortou as cordas e os dois tripulantes que estavam sendo conduzidos caíram e não resistiram à queda”, relatou ao  o coronel da PM.

    Entre as 23 ocorrências aeronáuticas com helicóptero em operação policial estão, além dos três acidentes, 19 incidentes (tipo considerado um ‘quase acidente’, sem danos ou lesões graves) e 1 incidente grave.

    Apesar de haver tais fatalidades, é um índice considerado baixo. “Nossos indicadores são bons no quesito de segurança devido à preocupação e ao profissionalismo com que conduzimos nossas atividades e operações aéreas, sempre pautados por padrões pré-estabelecidos e pelo aprimoramento e treinamento constante”, declarou ao o comandante da Aviação da PM.

    Policial militar Alexandre Luís Batista, que morreu após cair do Helicóptero Águia, foi enterrado em Paraguaçu Paulista — Foto: Arquivo Pessoal

    O acidente

    O policial militar morreu após cair do Helicóptero Águia durante um treinamento realizado em um aeródromo particular, em Álvares Machado, na manhã desta quinta-feira (16). Ele chegou a ser socorrido e levado para o Hospital Regional (HR), em Presidente Prudente (SP), em estado considerado gravíssimo, conforme informou a corporação, mas não resistiu aos ferimentos.

    De acordo com as informações repassadas na data pela corporação, era realizado um treinamento conjunto entre a Força Tática do 32º Batalhão da Polícia Militar do Interior (BPM/I), de Assis (SP), e o Grupamento Aéreo na região próxima ao Condomínio Valência 1, quando, por razões a serem esclarecidas, Alexandre Luís Batista se desequilibrou e caiu da aeronave.

    O policial, que integrava a Força Tática de Assis, caiu de cerca de oito a dez metros de altura, ainda conforme informou a corporação.

    Conforme o Corpo de Bombeiros, o acidente foi por volta das 10h40.

    Batista, que trabalhou na corporação por 20 anos, foi velado e enterrado em Paraguaçu Paulista (SP). A morte aconteceu um dia antes de seu aniversário.

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