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Mirandópolis tem salto de mortes por Covid quase seis vezes maior que resto do país

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O prefeito Everton Sodario (PSL), 27, de Mirandópolis (SP), bolsonarista de carteirinha, desde o início da pandemia seguiu o receituário pregado pelo governo federal: minimizou a doença, pregou contra o distanciamento social e as restrições ao comércio, atacou a vacina do Butantan e promoveu o chamado “tratamento precoce”, sem eficácia comprovada.

O resultado do comportamento do prefeito pode ser percebido agora:

De 19 de março a 19 de abril, o total de mortes contabilizadas pela prefeitura desde o início da pandemia passou de 24 para 65, um salto de 170,8%. Já o número de casos confirmados subiu 52,5% no período, chegando a 1.853.

A título de comparação, o aumento de mortes no estado de São Paulo nesse mesmo intervalo foi de 32,5%, e o de casos, 20,6%. Já no país, as mortes cresceram 29,1% e os casos, 17,7% no período.

De acordo com reportagem de Fábio Zanini, na Folha desta terça-feira (20), Sodario é conhecido como “Bolsonaro caipira”. Ele é um ex-ativista de direita que foi eleito para um mandato tampão como prefeito em 2019 e reeleito no ano passado. Ele ataca nas redes sociais o governador João Doria (PSDB) por causa da pandemia, a quem já chamou de “canalha”, “traidor do povo” e “calcinha apertada”.

Desde o início foi contra o Plano São Paulo e manteve o comércio aberto, o que lhe valeu uma multa de R$ 40 mil e o bloqueio dos bens pelo Ministério Público.

Sodario aparece sempre em fotos sem máscara perambulando pela cidade, dizendo que “aqui não tem home office”.

Além disso, o “Bolsonaro caipira” também defende o uso de medicamentos como hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina contra a Covid, apesar de não terem eficácia comprovada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Em seu governo, a prefeitura gastou R$ 22 mil, desde o início do ano, na compra de 26 mil comprimidos destes remédios para o serviço municipal de saúde, ignorando as evidências e o riscos à saúde que representam.

Ele também é um cético da Coronavac, assim como Bolsonaro. “Sou o primeiro a não tomar essa vacina chinesa e não obrigarei meu povo a tomar essa porcaria”, escreveu, em 16 de outubro de 2020.

O agravamento dos números levou o hospital estadual, o principal da região, ao colapso total, mesmo após a capacidade de leitos de UTI para Covid ter sido ampliada de 10 para 18.

Seu diretor, Nivaldo Francisco Alves Filho, emitiu uma circular em 29 de março dizendo que a ocupação de leitos de UTI para Covid era de 185%.

Ou seja, quase metade dos pacientes estava sendo atendida de forma improvisada, em leitos montados onde houvesse espaço.

“Cheguei num determinado momento em que não tinha mais onde colocar doente”, relata o diretor. Duas vezes no último mês, ele precisou suspender temporariamente o recebimento de pacientes, por absoluta incapacidade de acomodá-los.

O diretor diz ainda que, com a situação crítica do hospital, as equipes estão extenuadas. “Temos óbitos todos os dias. Chegamos a ter cinco num único dia”, diz ele.

“A gente tem um prefeito que abriu o comércio, enquanto todo mundo estava buscando restringir. E acabou gerando esse transtorno, porque teve maior circulação de pessoas”, afirma.

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