Gasto maior nas indústrias
O maior gasto de energia não ocorre nos lares domésticos, mas sim na indústria, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (Epe). Segundo a resenha mensal do mercado de energia elétrica, divulgada em agosto, enquanto as famílias usaram 151.713 GWh nos últimos 12 meses, a indústria utilizou 179 mil GWh, com destaque para os setores metalúrgico, químico, de produtos minerais não metálicos e de extração de minerais metálicos.
Em julho, inclusive, a indústria teve o maior consumo para o mês desde 2014, com alta de 9,8% em relação a igual período de 2020. Já o consumo residencial desacelerou 0,5% devido às temperaturas mais amenas.
No inverno, junto a uma cafeteira, a televisão é responsável pelo maior consumo energético na casa da especialista em Experiência do Cliente Bruna Rossi, de 30 anos. Isso porque ela gosta de assistir a programas diferentes do marido e, para isso, eles usam duas televisões simultaneamente. Com a implementação da bandeira da escassez hídrica no fim do ano, porém, seu maior temor é o ar-condicionado, que costuma ser bastante utilizado pelo casal no verão.
“Já conversamos sobre nos policiarmos com luzes que deixamos ligadas desnecessariamente e até sobre passar um pouquinho mais de calor neste verão, pois não vai ter como”, conta.
Brasil parado: inflação freia consumo das famílias
Além de ter que driblar a crise de energia em casa, sem direito trabalhista, Sérgio Rodrigo de Souza enfrenta uma jornada de trabalho de 13h por dia para obter o sustento da família, que inclui a mulher, Yasmin Alves, servidora da Uerj, e o filho Bernardo, de 3 anos. Com a disparada no preço dos combustíveis este ano, a aritmética passou a fazer parte da seleção de corridas. Ele só aceita trechos mais longos, pois corridas pequenas já não compensam o custo.
A família foi forçada a fazer escolhas também no cardápio do dia.
“Aqui, trocamos a carne vermelha pelo peixe, porque é mais barato. Antes, era o frango, mas como ficou caro, agora trocamos por carne de porco. No começo do ano, a gente gastava R$ 600 por mês em mercado e, hoje, além disso, estou comprando os não perecíveis essenciais, como feijão, assim que recebo, e lá se vão mais R$ 500”, explica Yasmin Alves, esposa de Sergio.
“Não consigo juntar dinheiro para ficar meses sem trabalhar, me recuperando”, lamenta.
O comportamento da família Souza é um exemplo do que ocorreu no país no segundo trimestre, quando mesmo com a reabertura da economia, o consumo ficou estagnado, o que surpreendeu especialistas.
Com a inflação em alta e juros crescentes, o consumo das famílias, tradicional motor da economia, ficou estável no segundo trimestre na comparação com os três primeiros meses do ano. Importante motor da economia, ele ainda está 3% abaixo do período pré-pandemia, o que contribuiu para o desempenho aquém do esperado do PIB.
A recuperação da economia brasileira perdeu fôlego, e o Produto Interno Bruto (PIB) recuou 0,1% no segundo trimestre, um resultado que indica estabilidade, segundo o IBGE.