Três métodos não invasivos de identificação estão sendo aplicados. A impressão digital é o mais rápido deles. Os outros dois são por meio da arcada dentária ou exame de DNA, esses mais demorados, segundo Carlos Palhares, diretor do Instituto Nacional de Criminalística.
“Estamos na fase de coleta de informações que vão permitir na identificação”, disse ele. “Praticamente todos os corpos retirados até agora são passíveis de análises com impressão digital, que é mais célere”, disse Palhares, fazendo referência ao trabalho realizado na parte frontal e menos destruída da aeronave, de onde 31 corpos foram recuperados. O perito disse não saber como seria a identificação dos demais corpos.
Famílias de vítimas cumpriam desde sábado etapas como coleta de material genético, entrevistas para colher informações que possam ajudar na identificação, além de orientação jurídica e psicológica, segundo o tenente Araújo Monteiro, da Defesa Civil. “É um processo trabalhoso. Cada entrevista, por exemplo, pode levar mais de uma hora”, explicou.
Familiares ficarão em hotéis na capital e serão concentrados no auditório do Instituto Oscar Freire, próximo do IML.
Nas primeiras horas após o acidente, especialistas em aviação ouvidos pela reportagem levantaram duas hipóteses principais para o caso com base nos primeiros detalhes, ressaltando que é cedo para determinar as causas.
Vídeos do momento da queda mostram que a aeronave desceu rodopiou no ar, mantendo-se em posição horizontal, manobra conhecida como “parafuso chato”.
Essas condições, segundo especialistas indicam que o piloto havia perdido o controle da aeronave e as condições de arremeter –ou seja, apontar o nariz da aeronave para baixo e usar os motores para ganhar novamente sustentação no ar.
O especialista em segurança de voo Roberto Peterka levantou a possibilidade de que gelo tenha se acumulado nas asas da aeronave.
Já o engenheiro Hildebrando Hoffman, professor aposentado de Ciências Aeronáuticas da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), citou a hipótese de que tenha ocorrido uma falha na posição das hélices.
Ambas as hipóteses teriam afetado a capacidade de tração da aeronave. Eles descartaram a possibilidade de falha elétrica ou no motor, pois há sistemas auxiliares que normalmente não fariam com que o avião caísse em queda livre, como se vê nas imagens. A pane seca também está descartada, uma vez que o combustível queimou no solo, após a queda.
O piloto não teria declarado emergência ou reportado estar sob condições meteorológicas adversas.
A Voepass, dona da aeronave, disse que ainda não tem informações sobre a causa do acidente.
O avião era um ATR-72, fabricado em 2010 e tinha certificados de matrícula e de aeronavegabilidade válidos, segundo a Anac (Agência Nacional de Avião Civil).
“A aeronave estava regular, em todas as condições de aeronavegabilidade. Temos a rastreabilidade desde que a aeronave foi construída e isso será levantado e a informação será prestada à investigação feita pelo Cenipa”, disse o diretor da agência, Luiz Ricardo.
O acidente foi considerado de alta complexidade e havia uma preocupação de que altas temperaturas pudessem ter danificado os equipamentos, segundo a Força Aérea Brasileira.
A queda do avião em Vinhedo está entre os dez desastres aéreos mais mortais a ocorrer em território nacional. O mais letal aconteceu em 17 de julho de 2007, nos arredores do aeroporto de Congonhas, na zona sul da capital, e causou 199 mortes. O voo 3054 da TAM tinha partido de Porto Alegre com 187 pessoas a bordo.